Planejamento: talvez esse (ou melhor, a falta desse) seja o principal fator que separa milhares de pessoas da realização de um sonho quase inerente ao ser humano: o da casa própria. Sua renda pode não ser um problema tão grande quanto você imagina e esse desejo pode não estar tão distante quanto seu contracheque te diz. Mas, como já falamos, é imprescindível planejar muito bem o financiamento do primeiro imóvel.

Está pensando em comprar seu apê? Confira abaixo algumas dicas de planejamento e modelos de financiamento para você realizar seu sonho!

Como planejar o financiamento do primeiro imóvel

Na hora de pensar em uma aquisição desse tamanho é muito importante encontrar um bom equilíbrio entre o valor das parcelas, sua renda e o tempo de contrato. Utilize simuladores de financiamento, sempre tendo em mente que o valor das parcelas mensais não deve ultrapassar 30% da sua renda.

Você precisa estar ciente de que se trata de um contrato longo e alguns imprevistos podem ocorrer. Pense que passar até 35 anos – prazo máximo do financiamento – com apenas 70% de sua renda talvez seja assumir o risco de não conseguir arcar com o financiamento em algum momento do contrato, o que vai te levar a contrair uma dívida.

Além disso, ao planejar-se, você deve incluir no valor total os custos de algumas despesas extras comuns a todos os tipos de financiamentos:

  • Imposto de Transmissão de Bens Imóveis, ITBI, cuja a taxa máxima cobrada e permitida pela Constituição Brasileira é, em média, 5% do valor do imóvel.
  • Registro do Imóvel, que possui, em média, valor de 1% do preço do bem, variando de estado para estado.

Quem financia um imóvel não precisa arcar com as despesas referentes à emissão da escritura pública, pois o contrato de financiamento faz as vezes desse documento.

Coloque tudo na ponta do lápis, conheça bem a situação do seu bolso e pense se você consegue juntar um dinheiro para fazer uma contraproposta ou adiantar boa parte do valor do imóvel. Com as contas bem claras e as cartas na mesa, procure o modelo de financiamento que melhor se encaixa nas suas condições.

Modelos de financiamento

SFH

O Sistema Financeiro de Habitação é o responsável pela maioria dos financiamentos do País. O programa Casa Verde e Amarela, criado em 2009, também faz parte do SFH.

Seus recursos são oriundos das contas de poupança e do FGTS, sendo permitido financiar até 80% do valor de um imóvel em seu método tradicional e até 90% no modelo com o Sistema de Amortização Constante, SAC (em que as parcelas vão ficando cada vez menores) ou pelo Sistema de Amortização Crescente, SACRE (para amortizar a dívida ao longo dos anos, uma vez que os juros diminuem com a diminuição do saldo devedor).

Nos acordos firmados através dessa modalidade, são acrescidos obrigatoriamente ao valor total do financiamento uma quantia correspondente ao pagamento dos seguros contra danos físicos ao imóvel e por morte ou invalidez permanente, de forma a proteger a instituição que emprestou o dinheiro.

SFI

Apesar de também ser criado e regulamentado pelo Governo Federal, o Sistema de Financiamento Imobiliário é muito mais sensível às condições de mercado, uma vez que seus recursos são todos de origem privada.

Dessa maneira, esse modelo possui a vantagem de ser menos burocrático e mais negociável no que se refere aos prazos, valores e taxas de juros, por exemplo, em relação ao modelo anterior.

Financiamento direto com a construtora

Algumas construtoras oferecem a possibilidade de financiamento direto. Essa opção pode ser muito interessante por ser ainda mais flexível que o SFI.

Como não possui a necessidade de qualquer intermediário, uma relação direta comprador-construtora permite uma maior negociação de taxas, prazos e valores das parcelas. Além disso, a burocracia também é consideravelmente menor.

Dicas para um financiamento mais tranquilo

financiamento tranquilo

Para planejar o financiamento do primeiro imóvel, você precisa adotar algumas atitudes essenciais para evitar dores de cabeça no futuro e não estourar o seu orçamento. Confira abaixo algumas das melhores dicas para isso.

Saiba quais são suas necessidades

O passo mais básico para planejar o financiamento do primeiro imóvel é saber ao certo quais são as suas necessidades, bem como os anseios, demandas e expectativas da sua família e de quem mais morará na unidade. Dessa forma, você pode escolher sem medo, com a certeza de que está fazendo a opção mais adequada.

Filhos adolescentes, por exemplo, demandam um número maior de dormitórios, enquanto crianças precisam de espaço para brincar, como quintais ou áreas comuns. Já quem não abre mão de animais de estimação, sobretudo cachorros, precisa considerar essa variável e achar um local que comporte adequadamente os pets.

Determine o valor do imóvel

Depois de saber ao certo quais são suas reais necessidades, é hora de determinar qual é o valor do imóvel que você pretende adquirir. Esse é um passo muito importante, pois apenas com essa informação em mãos você poderá se planejar de uma maneira que possa seguir com seu estilo de vida e, ainda assim, ter o dinheiro necessário para pagar as parcelas.

Não cometa um erro muito comum, que é o de buscar sempre as propriedades maiores ou localizadas nos bairros mais tradicionais. Observe regiões que estejam recebendo investimentos dos órgãos públicos e da iniciativa privada, como shoppings, estações de trem ou metrô e empreendimentos comerciais e residenciais.

Coloque tudo em uma planilha

Você pode até não estar familiarizado com planilhas, mas o fato é que, ao buscar um financiamento para comprar seu primeiro imóvel, é importante que você comece a se acostumar com números. Diante dessa realidade, colocar tudo no papel é fundamental, uma vez que isso vai, com certeza, facilitar a sua vida.

Comece escrevendo todos os ganhos, como o seu salário líquido e o do seu cônjuge. Coloque também um eventual dinheiro guardado, como uma poupança ou um investimento. Depois, escreva o quanto você gasta habitualmente e se tem dívidas.

Esse registro é primordial e conduzirá naturalmente a uma revisão automática dos seus hábitos e desperdícios.

Acabe com suas dívidas

Depois de colocar as suas dívidas no papel, é hora de acabar com elas. Mais do que um dinheiro que você tem a pagar, há uma perda mensal que muitas vezes passa despercebida: a cobrança de juros. Além disso, nosso País não favorece os endividados, pois as taxas cobradas aqui são simplesmente exorbitantes.

Em um primeiro momento, mire naquelas cobranças cujas alíquotas são mais caras, como as do cheque especial e as do cartão de crédito. Considere, para isso, vender alguns bens como carros ou mesmo pegar emprestado com amigos ou parentes: sai mais barato dever para eles que para bancos ou instituições financeiras.

E agora, sente-se mais seguro para planejar o financiamento do primeiro imóvel?