A aparência ainda é de menina e o tom de voz só reforça a imagem. Mas basta a manifestação das primeiras ideias que Kethleen Franzen Santos mostra seu grau de maturidade, foco e objetividade na conquista de objetivos. Foi com esse trio de atributos que ela agarrou com tudo a deixa do pai e, junto com o namorado Wesley Souza da Silva, conquistou seu primeiro apê. “Minha família estava em um momento de transição e sugeri ao meu pai comprar um apartamento para ele e a resposta foi – ‘porque tu não compras pra ti’. Na hora pensei, ‘mas eu só tenho 21 anos’. Conversamos sobre o assunto e um dia depois eu estava visitando o condomínio, três dias depois incluiu o Wesley na ideia, sete dias depois eu já o tinha convencido e um mês depois estávamos aqui varrendo nosso cantinho”, lembra ela.

Mas, ao contrário do que parece, a conquista foi fruto de uma jornada de comprometimento, responsabilidade e planejamento financeiro, desde cedo, a começar pela forma como ela e o namorado se relacionavam com o dinheiro e o consumo. “Mesmo antes de nos conhecermos, sempre fomos muito de guardar dinheiro, mesmo sem saber ainda o objetivo. Nunca fomos muito de gastar em festas ou em roupas. Então, já tínhamos um valor guardado que serviu para o pagamento da entrada do financiamento”, explica ela, relembrando a forma como os pais a ensinaram a dar o devido valor ao dinheiro, criando uma relação racional e não impulsiva, desde cedo com as finanças. “Não me arrependo de nada porque tudo que teria comprado já teria acabado e hoje minha conquista está aqui comigo. Olho todo dia pra isso e penso o quanto valeu a pena”, orgulha-se.

Mesmo na hora de preparar o cantinho dos sonhos, a razão falou mais alto para o casal e a relação madura e racional com o dinheiro prevaleceu. Com alguns passos básicos que Kethleen contou em entrevista exclusiva ao Sonhar&Morar, que você confere a seguir, eles passaram a morar junto no novo imóvel, assumindo as contas da casa e sem comprometer a renda além do limite: 

  1. Elencar prioridades. “Pensamos nas coisas que realmente não poderíamos ficar sem, como geladeira e máquina de lavar roupas. Mesa, por exemplo, nós não tínhamos, em rack para por a TV”.
  2. Priorizar apenas as obras essenciais. “Só fizemos o gesso porque era uma coisa que eu realmente queria e que daria muito trabalho de fazer depois de o espaço estar todo mobiliado”.
  3. Reaproveitar o que já se tem. “Entramos com muitas coisas usadas, como a minha cama, a TV que tinha no meu quarto, enxoval…”
  4. Faça uma reserva para os itens indispensáveis. “Desde a compra até a mudança, seguimos juntando dinheiro todos os meses”.
  5. Priorize pagamentos à vista, fornecedores locais e barganhe. “Compramos o máximo possível à vista, para não gerar dívidas, e priorizamos os fornecedores da vizinhança, com quem tínhamos a possibilidade de negociar descontos”.
  6. Para a compra dos demais itens prioritários, aproveite os descontos de e-commerce e a facilidade de parcelamento. “Dividimos o pagamento em 10 vezes”.
  7. Tenha paciência. “Não tivemos presentes, chá de panela, nada disso, e nos viramos super bem. Depois de um ano é que fomos ter uma mesa. Claro que tive que mudar isso em mim, pois eu queria móveis planejados, lustres lindíssimos, mas me atentei para a nossa renda e pensei – ou a gente nunca mudaria para o apê ou tínhamos que ir aos poucos”.

Até hoje, 2 anos depois de estarem morando juntos, os dois seguem à risca a fórmula que os levou até aqui e compartilham de forma divertida em seu perfil no Instagram (@108.nossoape), com mais de 50 mil seguidores, as conquistas, as mudanças no apê e até a forma como se relacionam tão bem enquanto casal. Como conta Kethleen, eles juntam os salários, pagam todas as contas e o restante separam para irem usando durante o mês, conforme necessidade, sempre pensando em guardar e evitando ao máximo fazer contas futuras. “A regra é: só compra se puder pagar no débito ou espera juntar o dinheiro. Senão a pizza acaba e a conta fica”, brinca ela, explicando que, mesmo as compras de itens pessoais, são decididas em conjunto. “Conversamos antes e um acaba ajudando o outro a racionalizar melhor e avaliar se realmente se trata de algo necessário. Naturalmente a gente se importa muito um com o outro e isso também acaba segurando ambos, porque não acho justo comprar algo pra mim e não pra ele e vice-versa”.

É assim que o casal, depois do primeiro apê, já seguiu para voos, literalmente, mais altos. Mais precisamente rumo à Europa. “Começamos a traçar objetivos em comum, juntos, e a primeira realização dessa forma foi a nossa primeira viagem. Nunca tínhamos nem andado de avião e agora já fomos para a Europa”. O limite? Parece não haver para esse casal que conseguiu a integração perfeita: disposição e vitalidade joviais com o conhecimento e maturidade senhorios.